Aquele que sustenta o mundo todo, sendo o Início de todas as coisas, tornou-se coisa...
Nos braços de uma mulher comum clamou por sustento;
junto a um homem comum aprendeu o labor dos oprimidos;
nos abraços de homens comuns encarnou a fraternidade;
pela angústia de homens comuns chorou pesadas lágrimas;
pelas mãos de homens comuns foi entregue à dor.
Ele nasceu, cresceu e padeceu sendo coisa. Deixando a glória que tinha, reduziu-se a coisa alguma.
Igualmente, nós também, reconheçamos a insuficiência de nossa independência, a ponto de contarmos com o cuidado dos outros, sem qualquer medo de parecermos assim pequenos ou tolos.
Saibamo-nos insuficientemente espertos, acabados ou sábios, a fim de que nossos corações se abram humildemente, para que ouçamos os ensinos de nossos irmãos, para que aprendamos com os que também laboram o labor da vida.
Encontremos em cada abraço, um irmão, em cada ceia, uma festa de amor.
Sintamos o choro do mundo, angustiemo-nos diante da dor alheia, soframos a paixão do outro, nos desenclausuremos de nós mesmos.
Cada um de nós suporte com esperança as injustiças, e jamais permita que a fome e a sede por justiça sejam apagadas pelas aflições ou contradições do tempo presente, antes, que a maldade seja chuva a regar o coração justo, fazendo crescer a semente da esperança eterna nele semeada, e tendo tornado-se tronco robusto, dê frutos que permaneçam.
Pois, o Deus de todas as coisas fez-se comum, como um qualquer, como eu e você, e se Ele assim foi, sejamos também, portanto, fortes o suficiente para sermos fracos e dependentes, humildes, inacabados, simples, guardando a esperança e buscando o amor, comuns.
Que Cristo nasça em cada um de nós, e feliz seja tal nascimento, pois se Cristo não nasce no coração do homem, para este, de nada adianta que Ele tenha nascido em qualquer outro lugar ou tempo. Amém.