domingo, 14 de agosto de 2011

Tudo ou nada

Ver Lucas 14: 15-35

Para ser discípulo de Jesus é preciso possuir por Ele um amor transcendental, um amor que faz com que a afeição erótica, fraterna, filial e paterna sejam tão pequenas quanto o ódio.

Para ser discípulo de Jesus é preciso negar diariamente tudo o que nos constitui como ser, encravando esse “eu” na cruz. Tem que abandonar os conceitos e preconceitos, crucificar os sofismas, assassinar as vontades que centram-se em si mesmo, liquidar seus dogmas morais e de justiça própria, abandonar sua própria construção psico-histórico-social, deixar de ser em si mesmo.

Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar a tudo o que se diz “é meu” dentro do coração, para que nada, “sendo seu”, venha a crescer e entronizar-se ali. Tem que caminhar como quem não possui coisa alguma.

Ora, só é possível seguir o Mestre nesse caminho, para quem nada tem; nem gente, nem posses, nem reconhecimento. Só se assenta nessa mesa e ceia com o Mestre, os cegos, leprosos e pobres.

Sim, somente eles conseguem aceitar esse convite ao discipulado de Jesus, pois nada são, a ninguém tem consigo, e coisa alguma possuem.

Portanto, esses, diante do chamamento, não encontram razões para se desculpar, não tem como dizer que irão cuidar de seus bois ou terrenos, e nem mesmo terão de se afastar por causa de sua lua-de-mel.

Ora, esses são os que terminarão a edificação da torre, ao contrário daqueles que param no meio da construção, por falta de verba. Esses são os que não entram na guerra para perder, antes, se vêem que não podem contra o inimigo, logo pedem a paz. Esses são os que calculam os gastos da empreitada, que analisam o quanto lhes custará ser discípulos de Jesus, e diante disso “vendem tudo o que tem e o seguem”, ao contrário dos que, entristecidos, retornam para sua “vida” sedenta por Vida.

Aprendamos com os pobres, cegos e leprosos.

Por Gustavo Marchetti, no Caminho com Ele.