terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tesouros in-corruptíveis


Leia Mateus 6: 1- 4, 19- 24.

Diante da corruptibilidade de tudo o que se vê, é fácil que qualquer um chegue à conclusão de que é totalmente inútil acumular e acumular posses em nossa existência. Quem pára para pensar um pouco que seja sobre a morte, ou se faz louco, dizendo: “Acumularei mais e descansarei em minhas riquezas antes que venha o meu fim”, ou se deprimirá ao notar a inutilidade de tais posses diante das necessidades que teu próprio ser lhe requerem.

Em ambos os casos, a alma continuará gritando por algo que ainda não encontrara. É nesse momento que o Mestre [ordena] convidando para Seu Reino a todos os que já não se satisfazem em servir a Mamom, incentivando-os a ajuntarem um tesouro “in-corruptível” [quem dera alguns pregadores compreendessem quanto mais valem os tesouros “in-corruptíveis” que os corruptíveis...].

E é aí mesmo, do lado de dentro, que se ajunta esse tesouro “in-corruptível”, visto que não é através da prática religiosa e purificadora de mente dos que dão esmolas [dízimos, ofertas, etc] apenas para massagearem o próprio ego, nem através dos atos hipócritas de quem dá tudo o que tem desde que de seu lado haja quem o aplauda, pelo contrário, nem mesmo tua mão esquerda saiba o que faz a direita, para que não se juntem a fim de aplaudirem a ti mesmo. É assim, com a consciência posta diante de Deus [pois diante dEle ninguém tem do que gloriar-se], que ajuntamos tal tesouro.

De fato, é dando que se recebe, é vendendo tudo o que tem e nivelando os vales da pobreza com o lucro, dando as “túnicas” que nos sobram e o alimento do qual não necessitamos aos que necessitam e não tem, que investimos em nossa “poupança celestial” (como fora dito ao jovem rico). A proposta aqui é algo como: “Queres mais? Então viva com menos”. Uns pensarão ser isso apologia à pobreza, eu apenas digo ser apologia à igualdade e à justiça. Não furte o pobre, deixando sua comida apodrecer na dispensa.

Não pense que isso é alguma defesa a uma política pública paternalista, isso é apenas o que vem antes de qualquer política pública, é o destronamento de Mamom em nossos corações. Pense nisso.

Por Gustavo Marchetti, nAquele que nos reservou tesouros in-corruptíveis.

domingo, 14 de agosto de 2011

Tudo ou nada

Ver Lucas 14: 15-35

Para ser discípulo de Jesus é preciso possuir por Ele um amor transcendental, um amor que faz com que a afeição erótica, fraterna, filial e paterna sejam tão pequenas quanto o ódio.

Para ser discípulo de Jesus é preciso negar diariamente tudo o que nos constitui como ser, encravando esse “eu” na cruz. Tem que abandonar os conceitos e preconceitos, crucificar os sofismas, assassinar as vontades que centram-se em si mesmo, liquidar seus dogmas morais e de justiça própria, abandonar sua própria construção psico-histórico-social, deixar de ser em si mesmo.

Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar a tudo o que se diz “é meu” dentro do coração, para que nada, “sendo seu”, venha a crescer e entronizar-se ali. Tem que caminhar como quem não possui coisa alguma.

Ora, só é possível seguir o Mestre nesse caminho, para quem nada tem; nem gente, nem posses, nem reconhecimento. Só se assenta nessa mesa e ceia com o Mestre, os cegos, leprosos e pobres.

Sim, somente eles conseguem aceitar esse convite ao discipulado de Jesus, pois nada são, a ninguém tem consigo, e coisa alguma possuem.

Portanto, esses, diante do chamamento, não encontram razões para se desculpar, não tem como dizer que irão cuidar de seus bois ou terrenos, e nem mesmo terão de se afastar por causa de sua lua-de-mel.

Ora, esses são os que terminarão a edificação da torre, ao contrário daqueles que param no meio da construção, por falta de verba. Esses são os que não entram na guerra para perder, antes, se vêem que não podem contra o inimigo, logo pedem a paz. Esses são os que calculam os gastos da empreitada, que analisam o quanto lhes custará ser discípulos de Jesus, e diante disso “vendem tudo o que tem e o seguem”, ao contrário dos que, entristecidos, retornam para sua “vida” sedenta por Vida.

Aprendamos com os pobres, cegos e leprosos.

Por Gustavo Marchetti, no Caminho com Ele.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Deus é amor apesar de nossa dor

Saibamos que o Amor-de-Deus-em-Cristo-É, e se manifesta independente do sofrimento ou da ausência do mesmo. Na realidade, não há dor que não seja manifestação desse Amor [que não pode ser definido pelas circunstâncias, pois esse "Amor É" apesar das circunstâncias], pois cada doença e cada cura são apenas gotas de água diante do oceano do Amor divino, são parte de um todo que só pode ser apreciado se visto por inteiro, do contrário o que se faz é murmurar dizendo que uma gota não nos é suficiente para satisfazer a sede.

Tendo isso em mente, o desfrute do Amor de Deus pode se apresentar na tristeza e na alegria, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, derrubando assim a significação das “bênçãos-que-haverão-de-vir” tão desejadas e esperadas atualmente. A esperança de muitos hoje é para aqui e agora, porém ainda não, esperando, talvez, a vontade e o tempo de Deus. Assim, desprezando o Amor, a Bondade e a Disciplina de Deus, fitam seus olhos nas bençãos que desejam sempre.

O que nos resta é parar de reduzir a vida a um momento (por mais longo que seja tal momento ainda será somente a parte de um breve "sopro"), e não encaixarmos Deus nesse único momento a fim de tentarmos compreender quais as Suas razões para nossa dor.

Ora, saibamos que Deus é bom, e que tudo coopera para o bem dos que assim crêem, de modo que linhas escuras podem tecer a vida destes, que ainda assim dirão: Ele me ama. Pois o amor de Deus se prova na Cruz e na experiência de encarar a vida sob essa perspectiva, não na ausência de dor e conflitos. Tenhamos, pois, bom ânimo. Ele venceu o mundo.

Deus te ama, Ele te amou sempre e sempre, e para sempre...

Em toda a dor, que a Graça te baste.


Por Gustavo Marchetti, no Amor dEle.