quarta-feira, 4 de maio de 2011

O holocausto é para os sãos, para os doentes, a misericórdia


"Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento." (Mt. 9: 13)

Falta-nos entender o que significa "misericórdia quero e não holocaustos", pois ainda hoje os holocaustos são o que constroem os justos, os sãos, enquanto a misericórdia encontra os pecadores, os doentes.

Isto porque quem oferece holocausto já não necessita de misericórdia, pois já fora lavado pelo sangue que ele mesmo oferecera, já foi curado por seu próprio esforço, já tornou-se perfeito, limpo, são, justo.

Quem nada tem a oferecer, muito tem a receber, precisa ainda ser lavado pelo sangue oferecido gratuitamente por Outro, precisa ser curado pelo misericordioso esforço alheio, tem do que arrepender-se pois não é perfeito, nem são, nem justo, antes, é doente que necessita de remédio, é injusto que necessita do toque purificador do Justo.

Este é o que diz: "Senhor, se quiseres podes curar-me", pois longe dele está a arrogante prepotência dos que "determinam" confiando em seus holocaustos.

Hoje, é preciso deixar de "pagar o preço", como se Ele tivesse como ser comprado por algum valor humano, e reconhecer que misericórdia só exerce aquele que antes recebera a mesma gratuita misericórdia da parte dEle.

Ora, o pecador só é capaz de aceitar outro pecador se vir a si mesmo como realmente é. O que se arrepende e aceita misericórdia continua sabendo que é miserável, mas o que se arrepende e julga ter alguma importância em si mesmo por isso, diz que foi e já não mais o é.

É o que não acrescenta o "mas eu fiz minha parte" à graça divina, que entende o que significa misericórdia, em contrapartida, o que diz que fez algo que o livrou de sua miséria (ainda que seja simplesmente crer) viverá sempre de seus holocaustos.

Por mais um miserável, que nEle encontra misericórdia diariamente.