sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O pão nosso de cada dia nos basta hoje?



“Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida do homem não consiste na abundância dos bens que ele possui.” (ver Lucas 12: 13-34)

O campo daquele homem rico produziu com abundância, mas a preocupação dele ainda era onde guardaria o que produziu. Esse homem não consegue viver sem olhar para frente, para o quanto ainda pode guardar, para o quanto poderá reservar para o futuro. De modo que sua conclusão mais sábia é: “[...] destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens”. Não é óbvio? Se assim ele fizesse poderia certamente descansar e usufruir os benefícios de seu trabalho. Mas o que Deus lhe diz é que isso é loucura. Salomão diria que isso é vaidade e correr atrás do vento.
Que isso é uma grande bobagem todos nós sabemos, porém isso não faz com que deixemos de planejar um futuro seguro e tranqüilo para nossas “vidas”.
Mas se o Mestre disse que a vida não consiste nessas coisas, porque então devo planejar minha vida de tal forma?

Minha perspectiva de vida deve ser sob a ótica do progresso, em busca do conforto derivado das riquezas?

Não é a insaciabilidade de nossa fome pela alegria material que nos angustia e nos deixa ansiosos?

Não são os grandes projetos de paz financeira e descanso que fazem com que surjam as grandes empresas dominadoras de homens?

Nossa moral não é sempre corrompida pelo sonho capitalista de se alcançar a felicidade quando tiver o que se quer?

Não são essas coisas que nos tornam tão mesquinhos a ponto de perdermos nossas almas, sentimentos?

É certo que SE o Senhor quiser nós “viveremos e faremos isso ou aquilo”, de modo que SE não acontecer não fará a menor diferença. Isso é não viver apoiado em projetos humanos, confiante apenas que se tem aquilo que se tem no dia, vivendo com o que se tem hoje, dando graças ao Provedor, pois basta a cada dia o seu mal.

Devo tão somente ver em mim se as pulsões capitalistas em meu interior estão me conduzindo a correr atrás da felicidade e do conforto material. Será que só poderei dizer a minha alma: “Alegra-te”, amanhã e se amanhã eu estiver tranqüilo o suficiente para dizer isso? Ou me alegrarei ainda que a figueira não floresça?

O pão nosso de cada dia nos basta hoje?

Por Gustavo Marchetti, mais um dos que buscam confiar no Pai, que sabe do que REALMENTE necessitamos.