domingo, 24 de abril de 2011

Se Ele é teu Senhor, então faça a vontade dEle



“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade (Mateus 7: 21- 23)”.

“Senhor, Senhor!” Essa expressão está representando a devoção piedosa de um religioso que lamenta, que chora, que rasga seu coração, que dispara “aleluia’s” e “glórias a Deus”, que jejua, que passa horas entoando louvores ao Senhor no monte, que tem fé, que tem crença e que tem devoção apaixonada por seu Deus. É triste ver que a relação do homem com o Deus Criador se tornou simplesmente sinônimo de devoção litúrgica. Fala-se de “intimidade” com o Pai, e que isso ocorre através de oração, meditação na palavra e canções como “eu te amo e quero acariciar os seus cabelos”, mas pouco se percebe que intimidade com o Pai tem aquele que acaricia os cabelos de sua mulher ao invés de espancá-la, ciente de que não pode acariciar a Deus, mas a ela sim.

A dogmatização do cristianismo que tanto irritava a Nietsche parece também causar repulsa ao Pai que está nos céus, pois a simples crença litúrgica e dogmatizada não passa de fé morta. Alguns realmente interpretam de forma errônea a máxima de que “se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé”, causando uma superestimação da fé, pondo-a num altar absoluto e intocável, achando que torna-se participante da ressurreição de Cristo aquele que creu nele, apenas como quem apóia a idéia, quem acha legal Sua história, quem concorda com o fato crendo em sua realidade histórica. Fé em Cristo não é simples desejo filosófico pelo ente Eterno, não se trata de amá-Lo à moda de Platão, mas de amá-Lo com um amor praxista, que conhece bem a rotina do foro celestial e segue as ordens do Supremo Juiz.

Que todos entendamos que pela graça somos salvos, nem mesmo é pela fé, é pela graça, é em um segundo momento que isso ocorre mediante a fé, que sem obras, é morta, inativa, incapaz de agir por si só. Dizer que creio em Jesus, que O amo, e passar congressos e mais congressos babando e chorando por tal paixão [enquanto muitos choram e sofrem nas ruas] não é a verdadeira doutrina de Cristo, a doutrina dEle é: “façam a vontade de meu Pai que está nos céus” [e isso não tem nada a ver com qual o emprego ou namorado você deve ter]. Ora, esses, que fazem a vontade do Pai é que são seus irmãos, irmãs e mães. Esses são os que não praticam a iniqüidade, em contrapartida, os que não fazem a vontade dEle, são iníquos, ainda que preguem para multidões, expulsem demônios, curem enfermos e encham a camisa de catarro em congressos extravagantes. "Acautelai-vos destes"(Mt. 7: 15).

Sem dúvidas Deus se agrada da “verdade no íntimo (Sl. 51: 6)” e que sacrifícios agradáveis para Ele são um “espírito quebrantado” e um “coração compungido e contrito” (Sl. 51: 17), mas coração que não se volta grato ao Pai, acolhendo a palavra dEle e praticando-a, jamais sofreu um trincadinho sequer, quanto mais tornou-se em pedaços sinceros.

Ó geração extravagante, não permitam que suas lágrimas vos enganem.

Ó geração perversa e adúltera que busca sinais, que o sinal de Jonas vos baste.

Ó geração soberba, que busca prosélitos para seu próprio reino através de suas pregações, que o Senhor se compadeça de vós.

E peço:

Que seja feita a vontade dEle. Amém.